sábado, 29 de agosto de 2015

Alma Nua

Minha alma chora e chora
Gostas de éter da criação, soluções vivas de sentimento
Pois quando voo, oriento as formas, consternadas formas
Eu, simples homem, sem barba, sem arma, sem fim
Vivo a caçar inúmeros vértices perdidos de minhas tentativas
Inumano é o progresso desenfreado, cruel é a dor
Enquanto vivemos aqui, nossos exemplos se vão
Óh! Alma viva e consternada
Arda e sejas viril, vívida
Não se abatas com o todo da vida.
Não sei onde posso encontrar-me na vereda da existência
Deixo-me encontrar pelas sinuosas verdades 
Que por vezes batem em mim e me destroem a cada golpe
Não sei se resisto, aceito.
Sempre estaremos navegando
E essa é a verdade maior
Que me faz encontrar o melhor de mim
Perdido entre o tecido de meu espírito
Meu espírito
Meu...

(Sérgio Carlos)

VENTO DE MIM


O vento do destino traga e corta feito faca
Existo ante às verdades, sobrevivo na dor
Só sei que sorrio, bebo e ando
Meu caminho é o que eu faço com os passos estridentes
De meu ser tão encapsulado, tão senil, tão só
O fôlego das virtudes queima em mim
Minha consciência rasga o véu das dimensões
Em busca de um estar, de entrar, vivenciar
Ainda que minhas imperfeições causem dor em mim
Existo como um grande artista, pronto para dar forma
Para fazer ser o que não sei
Hoje é dor, hoje é cansaço, hoje é céu azul sem nuvem de algodão
Mas amanhã...ah amanhã não sei.
Um outro dia, certo, um grande dia, talvez.
De certo que estarei aqui tentando sempre
Mesmo havendo um único sopro de mim.
 

(Sérgio Carlos)

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Pequenas coisas sobre a arte

A arte me toma de um jeito que não sei explicar
Minha vida, meus sonhos, meu caminhar
Quando percebo-me, tomado estou
Longe de mim e tão perto quanto vou
E mesmo que tal lonjura faça perder-me
A arte perfaz seu caminho ao deter-me
Enquanto ela existir em meu ser, serei eu
Porquanto sua nulidade perecerei no esquecimento do breu.

(Sérgio Carlos)

Diário de uma prostituta

Vivi nos mais altos montes da Terra
Retirei a mais bela pétala da flor dos jardins causídicos
Vituperei o nobre e seu mais tenro amor por mim
Causei ilusão nos sonhos do homem
Caminhei sobre a casca viçosa do ser
Saltei inúmeras épocas quando não deveria
Vivenciei a dormência das mulheres, sem me importar
Ignorei a liturgia, como se ignora um copo de água
Chorei de ódio e vergonha, mesmo cega
E então cansei de coisas passadas, do vinho e brilho dourado
Avançarei como uma verdade só
Aquela que ainda não alcancei, mas que, jamais será aquilo que provoquei.

(Sérgio Carlos)

Me apaixonei

Me apaixonei pelo mundo das ideias e nasci, nunca mais saindo dele nem quando morrer.
Me apaixonei pela música e cantei, até não poder mais e depois descansar e cantar novamente.
Me apaixonei pela dor e resisti, quando ninguém mais conseguira eu sofri e mantive-me de pé para doer mais um pouco.
Me apaixonei pelo teatro e guardei tudo aquilo que sou no mundo, para que muitos conheçam-me melhor do que outrora fui.
Me apaixonei pela vida, quando esta, mesmo tirando de mim, meu mais precioso amor, me permite respirar e seguir em frente.
Me apaixonei pelas palavras, pois estas formatam o mundo e dele nos projetamos em nós, para nos outros, encontrarmo-nos.
Me apaixonei pela imagem e de tudo me faço pronto e capaz, para que o todo possa ver-me enquanto o observo.

(Sérgio Carlos)

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Somos um

Tola ironia achar que tudo sabia do amor
Pensavas tanto em sua chegada que me perdia no tempo
Traçava planos para quando estivesses comigo, olhássemos o sol.
Tola ironia culpar minhas paixões,meus anseios...
Oh! Pobres das virtudes do homem ao descobrir a dor...
O calor...o sofreguidão...
Assim, se fez destino presente em mim
Trouxe-me a caridade sublime
Ensinou-me a olhar com beleza o espírito
Você se fez amor onde nunca esperaria
Que tolo achar que sabia amar
Pois o amor não se faz verbo
Não há ação no encontrar
Me faz sentir o que minha boca não consegue expressar
Me faz sorrir e chorar sem motivo algum
Onde um dia entenderei da vida o dançar
Pois tenho certeza que desafiando as leis
Somos um.


(Sérgio Carlos)

sábado, 7 de fevereiro de 2015

POEMA SEM NOME


Silêncio ecoa no fundo do peito
Traçando a cacofonia de impulsos no leito
Onde a brisa forte não possui sentido algum
Nem na restante força existe breu
Aconteça vida, oriunda de meu ser
Aconteça morte e me deixe viver
Nada.Fato pro cair e ceder
Enquanto uns bebem
A outros só resta o querer
Falar sem ter ouvidos, com tamanho esforço
Não haverá mal algum, somente o desgosto
Na vida, o que se leva vivo e tanto
É a força liberta, a tristeza encoberta
E o profundo desencanto



(Sérgio Carlos)