terça-feira, 1 de novembro de 2011

Lanceiro

Lanceiro, acaba com a vida
Mostra-me teu solidel
Tal força suprema não me apraz
Condescende tão pouco à coisas vis
Que não há menor furor que lhe transborde
Lanceiro, toma-me a vida
Como vitórias inconsequentes
Astuto vivente, ser desumano
Que tudo seja teu, toma-me a vida
Sem ter o que fazer pra quê
Lanceiro, tira-me as vestes
Puras e cíclicas
Às quais arremedo me faz ser
Acaba comigo, transfoma-me
Lanceiro, arranca-te de mim
Vida após vida
Como num gargalhar constante de sentimento
Nu, seco, mas vitorioso
Arrancai de mim
Sem medo, sem dor
Lanceiro, perfura-te a mim 
Ainda que cegue meus vislumbres
Que minha sina seja de terdes
Não o quero mais em mim como o queria, antes fosse
Lanceiro, poderoso e imprudente
Sejas vítima de teu próprio ser
Acaba com tudo e sejas eu, sejas tu
Não sejas senhor enrubescido
Mesmo que tua empunhadura não proves a língua de outros
Sejas meu, acaba comigo
Destrua minh'alma.

(Sérgio Carlos)

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